segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O Festival da Sardinha foi um sucesso ! Praia da Caponga


Até aqui nos ajudou o Senhor! Deus é associado e o Festival da Sardinha foi um sucesso!!!Obrigada a todos que acreditaram!



Sardinha desponta como produto ilustre!

Antes considerado menor entre os peixes, agora a sardinha figura em cardápios bem requintados e criativos

Cascavel. A criatividade renova o cardápio e a ousadia transforma o rústico em requintado, traz esperança social e ainda destaca o turismo de comidas e paisagens. Em bom cearense, depois de por muito tempo ser o primo pobre dos peixes - uma mera isca - a invenção de pratos saborosos elevou o status e agora é ´chique´ comer sardinha. Comunidades de pescadores fazem a pesca sustentável dessa cultura que faz o cardápio na localidade de Caponga e em praias como Águas Belas, em Cascavel. No III Festival da Sardinha, realizado até ontem, o protagonista foi o peixe que está gerando renda para pescadores, donos de barracas e pousadas, e atraindo o turismo gastronômico para a região.


Quatro anos atrás não passava pela cabeça do seu Airon Camilo e da dona Patrícia Maria que, em vez de esperar os pescadores voltando do mar com lagosta, era sardinha que esperariam. "Um peixe pequeno, mas muito saboroso", diz Airon, dono da barraca "Oceanus Bezerrinha". Duas semanas atrás inventaram um prato que foi apresentado no festival e tem dado no que falar: o acarajé de sardinha. A reportagem degustou a invenção ainda quentinha e feita pela primeira vez, e ainda beliscou bolinha, filé à milanesa, a base de sardinha. Mas por traz de uma nova receita culinária está uma nova forma de gerar renda e praticar o turismo.

A praia da Caponga é considerada o maior porto pesqueiro de jangadas artesanais do Ceará, com um quilômetro de litoral. Lá se pesca de forma sustentável a lagosta, por meio do equipamento artesanal chamado manzoá, que não agride o meio ambiente. Mas a exploração predatória da lagosta na maior parte da costa cearense, gerando o lucro imediato, tem provocado a escassez do produto no mar e, consequentemente, seu encarecimento no cardápio de barracas e restaurantes. Os pescadores artesanais não ficam a lamentar a volta da pesca da lagosta porque estão trazendo peixes do tipo sardinha em suas redes, um produto que era apenas coadjuvante na pesca da lagosta e em muitos casos chegava a ser jogado no lixo. Hoje são pescados por mês cerca de 20 toneladas de sardinha.

"Hoje é a sardinha que sustenta a Caponga", defende Mamede Rebouças, presidente da Associação dos Empreendedores de Turismo, Artesanato e Cultura de Cascavel (Assetuc) e realizador do festival, coordenado pela J.A. Lima Produções. A mudança de pensamento sobre o tipo de peixe, hoje configurando produto "ilustre", repercute na gastronomia de diversas barracas espalhadas pelo litoral. Na Delícias da Jangada, pode-se comer sardinha tranqüilo: ela vai ao fogo sem espinhas, técnica dos cozinheiros da pousada Jangadas da Caponga e que deram mais atrativo ao cardápio.

A terceira edição do Festival da Sardinha é turística, mas também social e cultural. A tarde de ontem foi animada com a regata de jangadas, dos pescadores artesanais, mas muito além dos três primeiros lugares premiados, havia uma turma que em terra não se importavam com quem chegava primeiro. Eram crianças e adolescentes das escolas públicas que foram responsáveis pelas ilustrações nas velas de todas as jangadas. Com o tema "o que o povo da Caponga faz", os estudantes foram estimulados a fazer desenhos, um recorte da própria realidade.






MAIS INFORMAÇÕES 
Assetuc - Mamede Rebouças
(85) 3334.8723 / 9697.3666
J. A. Lima Produção
(85) 3251.1105
Melquíades Júnior
Colaborador

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Você chamara seu anjo... MÃE!



Deus e a Criança

Uma criança pronta para nascer perguntou a Deus:
- Dizem-me que estarei sendo enviado a Terra amanhã... Como eu vou viver lá, sendo assim pequeno e indefeso?
E Deus disse:
- Entre muitos anjos, eu escolhi um especial para você. Estará lhe esperando e tomará conta de você.
- Mas diga-me: Aqui no Céu eu não faço nada a não ser cantar e sorrir, o que é suficiente para que eu seja feliz. Serei feliz lá?
- Seu anjo cantará e sorrirá para você... A cada dia, a cada instante, você sentirá o amor do seu anjo e será feliz.
- Como poderei entender quando falarem comigo, se eu não conheço a língua que as pessoas falam?
- Com muita paciência e carinho, seu anjo lhe ensinará a falar.
- E o que farei quando eu quiser Te falar?
- Seu anjo juntará suas mãos e lhe ensinará a rezar.
- Eu ouvi que na Terra há homens maus. Quem me protegerá?
- Seu anjo lhe defenderá mesmo que signifique arriscar sua própria vida.
- Mas eu serei sempre triste porque eu não Te verei mais.
- Seu anjo sempre lhe falará sobre Mim, ensinar-te-á a maneira de vir a Mim, e Eu estarei sempre dentro de você.
Nesse momento havia muita paz no céu, mas as vozes da Terra já podiam ser ouvidas.
A criança, apressada, pediu suavemente:
- Oh Deus, se eu estiver a ponto de ir agora, diga-me por favor, o nome do meu anjo.
E Deus respondeu:
- Você chamara seu anjo... MÃE!

À Procura do Autor...

domingo, 5 de setembro de 2010

JAGUARUANA










Rede de dormir           


Escrito por Administrator          
Sex, 26 de Março de 2010 16:28
Maria do Carmo Andrade
Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
pesquisaescolar@fundaj.gov.br


A rede de dormir é um tipo de leito constituído de um retângulo de tecido ou malha e suspenso pelas duas extremidades, terminadas em punhos ou argolas, que são presas a armadores ou ganchos, pregados em geral nos portais ou sob árvores frondosas e em que as pessoas se deitam para dormir ou descansar.



O uso da rede para dormir é bastante antigo, é um costume herdado dos indígenas brasileiros. Eles chamavam a rede de ini.Foi em 27 de abril de 1500 que Pero Vaz de Caminha, navegante português, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, que sem procurar saber o nome já usado pelos indígenas, chamou pela primeira vez, este tipo de leito, de rede de dormir,pela semelhança com a rede de pescar.





As redes primitivas feitas pelas mulheres indígenas eram resistentes, de fiação simples e malhas grandes, por este motivo faziam lembrar a rede de pescar.



Meio século depois do descobrimento a rede já era usada por colono agricultor e pela maior parte dos jesuítas. No Brasil Colonial a rede foi muito usada também como meio de transporte para longas viagens. Eram colocadas nos ombros dos escravos que a sustentavam, por meio de uma vara. Este tipo de rede era chamada de serpentina.



Nas áreas mais pobres da região Nordeste, era costume o morto ser transportado em redes, então chamadas de rede de defunto.



A técnica de tecer a rede, foi aperfeiçoada pelas mulheres portuguesas. A rede foi então cada vez mais usada nas vilas, povoados e engenhos de açúcar, principalmente pela facilidade de transporte. Bastava enrolá-las e colocá-la às costas, visto que as camas de madeiras eram mais pesadas e até então não eram fabricadas no Brasil.



A vinda dos teares (aparelhos para tecer) possibilitou a confecção de tecidos mais compactos, de redes com franjas, varandas, tornando-as mais confortáveis e ornamentais.



A rede foi por mais de quatro séculos um elemento presente e indispensável na vida dos brasileiros. Usava-se a rede desde o nascimento até a morte. Gilberto Freyre em seu livro Casa Grande & Senzala diz que muitos brasileiros, quando pequenos, adormeceram ouvindo o ranger tristonho dos punhos da rede.



Hoje apenas em algumas regiões, principalmente do Norte e Nordeste, a rede é usada para dormir.



Nos grandes centros urbanos a rede é mais um objeto de decoração de residências e serve como ponto de referência aos costumes regionais. São armadas em terraços, alpendres e varandas de casas e apartamentos, casas de praia e de campo, geralmente para descansar ou sesta, mas quase nunca para dormir à noite.



A produção brasileira de redes de dormir está estimada em um milhão de unidades. Os maiores produtores são os Estados do Ceará, Pernambuco, Alagoas e Piauí.



O Brasil exporta as redes de dormir para vários países.



Há também um grande número de fabricas clandestinas, constituídas por pequenos grupos de artesanato. Todo estado nordestino tem dezenas destes núcleos fiéis ao trabalho antigo, feito em casa.



É na indústria particular que se tecem as redes de encomenda de feitura bem cuidada e lenta, bordadas em relevo, franjadas de seda. São obras primas de paciência e acabamento primoroso. O artesanato é o produtor e mantenedor destas redes, chamadas redes de presente.



Recife, 25 de março de 2004.
(Atualizado em 14 de setembro de 2009).


FONTES CONSULTADAS:

CASCUDO, Luís da Câmara. Rede de dormir: uma pesquisa etnográfica. 2. ed. Rio de Janeiro: FUNARTE/INF:Achimé; Natal: UFRN, 1983. 244p.

REDE de dormir. In: ENCICLOPÉDIA Mirador Internacional. São Paulo: Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações, 1995. v.17, p.9654-9655.


Jaguaruana... A cidade cearense é a capital da rede




















A VERDADEIRA HISTÓRIA DA REDE





A hamaca, sendo rede é um invento dos indígenas da América do Sul, cujo nome de origem é denominada pelos indígenas do Brasil de ini. A palavra rede foi empregada pela primeira vez pelo escrivão da frota de Pedro Alvares Cabral — Pero Vaz de Caminha, em carta à Portugal, onde descrevendo a povoação dos Tupiniquins, seus hábitos e costumes, relata a maneira de dormir, daqueles indígenas: "Foram-se lá todos; e andaram entre eles. E segundo depois diziam, foram bem uma légua e meia a uma povoação, em que haveria nove ou dez casas, as quais diziam que eram tão compridas, cada uma, como esta nau capitaina. E eram de madeira, e das ilhargas de tábuas, e cobertas de palha, de razoável altura; e todas de um só espaço, sem repartição alguma, tinham de dentro muitos esteios; e de esteio a esteio uma rede atada com cabos em cada esteio, altas, em que dormiam". E foram as mulheres dos colonos portugueses que adaptaram a técnica indígena, substituíram o tucum pelo algodão (para render em um tecido mais compacto) e aplicaram varandas e franjas ornamentais. Sua difusão no Nordeste teve a colaboração ativa dos sacerdotes que, espalhando a técnica dos adventícios e entre as gerações que se sucederam tornaram hereditários o artesanato.

A rede indígena é tecida em cipó e lianas; as mulheres dos colonos portugueses adaptaram a técnica indígena, passando a fazer redes em tecido compacto e com varandas e franjas ornamentais. A rede durante o Brasil Colônia, foi utilizada também como meio de transporte, sendo nelas, carregados por escravos, os colonos e suas famílias em passeios pela cidade e viagens. O folclorista nordestino Luís da Câmara Cascudo no seu ensaio "Rêde-de-Dormir" faz uma apologia a esta peça domésticas integrante da vida cotidiana das gentes do Norte e Nordeste brasileiros, comparando-a com o leito, e enaltecendo as vantagens da rede: "O leito obriga-nos a tomar seu costume, ajeitando-se nêle, procurando o repouso numa sucessão de posições. A rêde toma o nosso feito, contamina-se com os nossos hábitos, repete, dócil e macia a forma do nosso corpo. A cama é hirta, parada, definitiva. A rêde é acolhedora, compreensiva, coleante, acompanha, tépida e brandamente, todos os caprichos da nossa fadiga e as novidades imprevistas do nosso sossêgo. Desloca-se, encessantemente renovada, à solicitação física do cansaço. Entre ela e a cama, há a distância da solidariedade à resignação".

O legado indígena, no que se refere a artefatos, foi de suma importância para a sobrevivência da sociedade brasileira nos primeiros anos do descobrimento e durante toda a época colonial. A bibliografia é bastante vasta a este respeito, mas nada melhor do que transcrever um trecho da obra de Sérgio Buarque de Holanda, Caminhos e Fronteiras, quando o autor revela a importância da rede na capitania de São Paulo no século dezesseis até hoje: "Ao visitar pela Segunda vez a capitania de São Paulo, tendo entrado pelo Registro da Mantiqueira, Saint-Hilaire impressionou-se com a presença de redes de dormir ou descansar em quase todas as habitações que orlavam o caminho. O apego a esse móvel (...) pareceu-lhe dos característicos notáveis da gente paulista, denunciando pronunciada influência dos índios outrora numerosos na região.

(...) É sabido que o europeu recém-chegado ao Brasil aceitou o costume indígena sem relutância, e há razão para crer que, nos primeiros tempos, esses leitos maneáveis e portáteis constituiriam objeto de ativo intercâmbio com os naturais da terra.

(...) Com as peças de serviço gentio da terra - tamoio, tupinaen, carijó... - introduziram-se também, nas casa paulistas, as cunhãs tecedeiras. E, com elas, os teares de tecer rede, onde a tradição indígena, pouco modificada neste caso, pela influência das técnicas adventícias, tem permanecido até nossos dias.

(...) A importância que a rede assume para nossa população colonial prende-se, de algum modo, à própria modalidade dessa população. Em contraste com a cama e mesmo com o simples catre de madeira, trastes sedentários por natureza, e que simbolizam o repouso e a reclusão doméstica, ela pertence tanto ao recesso do lar quanto ao tumulto da praça pública, à morada da vila como ao sertão remoto e rude.

(...) O fato é que as redes - redes de dormir ou de transportar - são peças obrigatórias em todos os antigos inventários feitos no sertão".

Curioso observar que a rede copiada pelos europeus do século XVI seguiu padrões planos, tal como as camas onde se dorme no sentido do comprimento. na rede indígena, ao contrário, deita-se na diagonal. a rede deve ser frouxamente atada, para nela podermos deitar como se estivéssemos em uma suave bacia com a forma e tamanho do corpo. As linhas longitudinais da rede indígena têm o mesmo comprimento de punho a punho. Quando atamos a rede de maneira frouxa, determinamos uma elipse e uma elipsóide. Quando sentamos no meio da faixa mediana, fixaremos com o nosso peso, aquela faixa que terá a largura de nosso traseiro. Em seguida, se quisermos deitarmos na rede, isso só poderá ser feito com as pernas inclinadas para cima. Mas os dois lados da rede ainda estarão livres. Podemos então deslizar as pernas para um lado e o tórax para o outro, até alcançarmos com todo o corpo a superfície da elipsóide. A direção de repouso entre a crista central e a parede lateral da elipsóide forma um ângulo de aproximadamente 30 graus com relação ao plano vertical dos punhos.

Em 1492 e nos anos seguintes os primeiros europeus na América tropical ficaram admirados com o costume indígena de dormir em redes suspensas. Antes da viagem de Colombo, a rede de dormir era desconhecida fora da América, onde reinava desde o México e das ilhas do Caribe até o Sul do Brasil e o Paraguai, da Colômbia a Pernambuco. No século XVI os europeus tiveram a idéia de usar rede de pesacar ou pedaço de lona para dormir, sem levar a sério as instruções práticas de uso e sem antender a qualquer princípio físico. Pensando em dormir no sentido do comprimento, começaram a efetuar os chamados melhoramentos. Muito antes de a palavra aruak humaca transformar-se, por uso popular, na palavra holandesa hangmat (esteira suspensa) ou na alemã Hangematte, a rede indígena oi deformada em esteira esticada, no sentido do comprimento, com as cordas de atar, e no sentido da largura, por duas traves de madeira. Nos navios europeus - e os armadores haviam descoberto que cabiam mais marinheiros por metro cúbico quando estes dormiam em redes - tentou-se de novo melhorar as redes sem resultado, pois ninguém teve a idéia de voltar ao modelo original em tudo superior. A rede de dormir jamais se popularizou nos outros continentes porque o modelo exportado foi o europeu. Na Àfrica levadas pelo português, as redes foram usadas apenas como macas, transportando pessoas doentes, ou durante a sesta. Á noite continuava-se a dormir em esteiras no chão duro, ao alcance de formigas, ratos e cobras.

Câmara Cascudo nos dá mais detalhes: A rede dos Bakairi é feita de malhas bastante grossas e tem a forma de um retângulo comprido (2 1/3 m x 1 ¼ m). As linhas longitudinais são atravessadas, com intervalos irregulares (entre 2 e 3,5 cm) pelas transversais; nas malhas pode-se facilmente enfiar o dedo. O tecido é muito simples. Dois fios longitudinais, mas finos, de 1mm de espessura. Deste, em número de quatro, dois correm, ondulados, na frente dos longitudinais, e dois atrás dos mesmos, entre os quais se cruzam. De ambos os lados faz-se um nó com as extremidades dos fios transversais; assim encontram-se, em cada um dos lados compridos, uns 70 nós, feitos com as quatro pontas de fio. O laço que fica livre em cada toco, é enrolado, no meio, por um fio, de maneira a deixar de um lado uma colcheta para receber os cordões com que se pendura a rede. Do outro lado partem, deste ponto fixo – divergindo para a rede, quando esta é armada – os fios longitudinais ainda não cruzados pelos fios da trama numa extensão de 30 a 35 cm.

Além desta rede típica, de algodão, existe outra, na qual os cadilhos são formados de cordel de fibra de buriti (Mauritia vinifera, Mart) e os fios da trama são de algodão. Estes fios transversais de algodão são às vezes muito escassos; os Mehinaku deixavam entre eles uma distância de dez a vinte centímetros. As redes de buriti são usadas sobretudo pelas tribos nu-aruak. Os Bakairi mansos do Paratinga também as possuíam; disseram-me que só foram introduzidas entre eles pelo velho Caetano, cacique da aldeia. As redes de fibra de palmeira tinham geralmente comprimento igual ou pouco maior (até 2 ¾ m) que as de algodão, mas uma largura inferior a um metro, de modo que quase não era possível nelas a posição diagonal cômoda, que, com razão, o brasileiro gosta de tomar.Uma terceira modalidade resultava de um emprego mais abundante do algodão. Vimos entre os Auetö todos os graus intermediários entre 6-7 cm, até 1-2 ou mesmo ½ cm de distância entre os fios transversais do algodão. Teciam-nas, finalmente, de modo a ficarem os fios de algodão tão juntos um do outro que encobrissem totalmente a fibra de tucum, constituindo um pano quase tão compacto quanto a lona.

Nesse tecido a fibra longitudinal de tucum, com uma largura aproximada de 1,5 mm, era envolvida por dois pares de fios transversais de algodão os quais, entre aquela e o seguinte fio longitudinal, se cruzavam não uma, mas duas vezes. Os lados compridos da rede eram naturalmente orlados de grande número de nós próximos um do outro. Nos quatro cantos as extremidades das madeiras se prolongavam um pouco, terminando em borla. Muitas vezes observam-se nesses tecidos, listas transversais azul-pretas, obtidas, de 40 em 40 cm pela aplicação de algodão tinto. Aliás, todas as redes eram de cor parda. Tanto a de algodão como a de fibra de palmeira, que já por natureza é pardo-clara, tomavam uma cor parda suja pelo contato com o corpo ungido com o vermelho do urucum. As redes de algodão puro constituíam uma especialidade dos Bakairi; também eles já possuíam no Kulisehu, redes de buriti. O pano mais consistente era fabricado pelos Auetö. Eram singulares as redes que os Nahuquá tinham para crianças de pouca idade; consistiam simplesmente num feixe de palha amarrado nas duas extremidades.

Essas formas muito variadas de redes estavam em vias de se uniformizarem. Entre os Suyá dominava ainda o antigo costume dos Gê, i. É., dormiam em grandes esteiras de folhas de palmeira; na época da nossa visita estavam começando a adotar a rede; tinham alguns exemplares e também já as fabricavam. Talvez a arte de tecê-las lhes tivesse sido transmitida pelas mulheres trumai que as possuíam. Já depois da viagem de 1884 chamei a atenção para o paralelismo existente entre a região do Xingu e a das Guianas, dizendo que tanto lá como aqui a rede de algodão parecia de origem caraíba, sendo proveniente dos Nuaruaque a de fibra de palmeira. Lembrei também que a essa concordância etnográfica corresponde exatamente a lingüística. Em ambos os casos a técnica nasce da arte de trançar, o que difere é só o material. Os mais atrasados eram os Bakairi, que não possuíam o tecido em forma de pano. Também é notável o fato de que os torçais destes, embora preenchessem completamente o seu fim, eram de confecção menos artística que os das outras tribos. Podia-se observar uma técnica dirigida em igual sentido numa espécie de esteira-crivo. As hastes eram envolvidas, mais ou menos cerradamente, com o fio de algodão, de modo a se obterem esteiras consistentes e rígidas, mas ao mesmo tempo muito movediças, entre as quais se compensava a massa de mandioca para espremer o líquido. Vimos também pedaços de pano empregados para o mesmo fim.

Fonte: http://www.bibvirt.futuro.usp.br/textos/humanas/educacao/tematica/cap15.html
http://www.noolhar.com/opovo/delas/105363.html
http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/carta.html
http://www.instituto-camoes.pt/cvc/literaturaingles/litviagens.htm
http://www.mre.gov.br/acs/diplomacia/images/foto131.jpg
http://jangadabrasil.com.br/setembro13/pa13090b.htm
http://jangadabrasil.com.br/novembro15/of15110a.htm
acesso em março de 2003
Revista Ciência Hoje, SBPC, nov/dez 1992 página 104
LUIS DA CAMARA CASCUDO. Rede de Dormir: uma Pesquisa Etnográfica. 2 ed. São Paulo: Global, 2003


Jaguaruana: produção de redes em crise

Redes de Jaguaruana ganham a França



Para conquistar o exigente mercado europeu, fabricantes aprimoraram técnicas de design


A associação de artesãos do município marcou presença em feira em Paris, onde os negócios foram firmados

O antigo costume de dormir em redes, herdado dos indígenas, promete conquistar os europeus em 2009. Cerca de 80 artesãos do município de Jaguaruana — um dos maiores pólos fabricantes dessas peças no Ceará — têm perspectiva de exportar entre 10 mil e 20 mil unidades a partir de fevereiro próximo. As primeiras encomendas, inclusive, já foram até feitas. Representantes da Associação dos Fabricantes de Redes de Dormir de Jaguaruana (Asfarja) estiveram, no fim de janeiro, em uma feira em Paris (França) e já acertaram negócios para aqueles país.

Afora os franceses, outros mercados-alvo fora do País são Alemanha, Áustria e Espanha. Cada rede tem perspectiva de ser comercializada a um custo que varia entre 10 e 12 euros. Para o mercado nacional, a meta é vender 10 mil redes até este mês de fevereiro.

Para conquistar o exigente mercado do exterior, os membros da Asfarja passaram, em dezembro, por curso de capacitação. Segundo a coordenadora da equipe de design da Eita, Waleska Vianna (responsável pelas aulas), as peças confeccionadas tem como matéria-prima a chita e a tecelagem (100% natural). Durante o treinamento, os participantes puderam aprender novas técnicas de design para agregar valor à mercadoria que será embarcada para a Europa.

Os dez modelos de rede criados são exatamente os que conquistaram os franceses e que também serão expostos em outra feira, neste mês, na cidade de Frankfurt (Alemanha).

´Esperamos que o mercado internacional abra suas portas para as redes de Jaguaruana. Algumas peças têm detalhes em chita, como uma rosa, por exemplo. Outras, têm a varanda da rede mais detalhada´, explica a coordenadora da Eita.

Concorrência com chineses

No entanto, Waleska lembra que não é tão simples vender para os europeus. Há cerca de dois anos, segundo conta, os artesãos de Jaguaruana bem que tentaram, no entanto, a concorrência com redes produzidas na China, não permitiu que o negócio fosse levado adiante.

´Mesmo com qualidade inferior, o preço mais acessível da mercadoria chinesa, vendida entre 7 e 8 euros, fez com que, naquele momento, os artesãos tivessem dificuldades financeiras´, recorda a profissional de design, ressaltando que o problema não deverá mais se repetir nessa nova tentativa. Segundo ela, atualmente, os artesãos estão melhor preparados.




FONTE : diário virtual
















Redes de dormir: símbolo da cultura jaguaruanense








O produto atrai pessoas de diversas partes do Brasil e do mundo


Objeto doméstico de origem indígena, a rede antigamente era feita com cipó e lianas, Conhecida como hamaka. Na época do Brasil colônia, esse artefato era muito utilizado também como meio de transporte, onde os escravos carregavam os colonos pela cidade e até em viagens, e por incrível que pareça, até para enterrar os mortos (no meio rural).Com a chegada dos portugueses, suas mulheres diversificaram maneiras de fazer rede, utilizando tecidos de algodão.
As redes de dormir podem ser confeccionadas de diversas formas e materiais, desde as feitas artesanalmente, até as fabricadas através de teares que podem ser mecânicos ou elétricos. É importante também citar que elas podem ser feitas de algodão ou material sintético, como nylon.
Na cidade de Jaguaruana, a rede é tida como uma das principais fontes de economia. O município vem se destacando muito na produção artesanal de redes, contando com aproximadamente 200 artesãos que produzem além de redes, colchas, lençóis, tapetes e etc. Esses produtos são feitos em grande variedade de modelos e cores, sendo que apresentam como características marcantes seus belos bordados e aplicações, apreciados não só na região nordestina, como também em outras regiões e até em diversos países.
Enfim, a rede é o principal símbolo econômico da cidade de Jaguaruana, gerando emprego para grande parte da população, lembrando que também representa a cultura do povo, e constitui sua marca registrada.

   

Hipólito Neto
E.E.F.M. Manuel Sátiro



 








REDE JAGUARUANA ... A MELHOR DO CEARÁ !!!








Rede


Coisa boa é uma rede de dormir
Encostar a pontinha do dedo no chão
E deixar a imaginação fluir

É naquele balanço que eu sonho
Viajo, compro, beijo, desejo
Livre como um passarinho, fecho os olhos, mas tudo vejo

Um livro, uma revista, uma boa companhia
Conversa jogada fora, um café quente, riso e alegria
Rede de dormir, de sonhar, de viver
Embala meus sonhos, diverte minha alma, tão bom: Eu e você.

Carla Oliveira, de Jaguaruana, Terra da Rede.